Uma auditoria realizada
pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) na Secretaria da Segurança Pública
(SSP) apontou indícios de subnotificação nos dados sobre homicídios cometidos
na Bahia. A suspeita de manipulação nas estatísticas dos chamados Crimes Violentos
Letais Intencionais (CVLI) consta no relatório do TCE sobre as contas da SSP
referentes a 2016, concluído em julho do ano passado.
Ao comparar os números
publicados no site da SSP com a planilha fornecida à Corte pela Coordenação de
Documentação e Estatística da Polícia Civil (Cdep), os auditores acharam
evidências de irregularidade na contabilização dos casos registrados desde 2014.
No balanço disponibilizado através da internet, a SSP omitiu da soma total
quatro subtipos de homicídio doloso (quando há intenção): com indício de
excludente de ilicitude, no trânsito, em presídio e feminicídio.
Salto dobrado
Caso as quatro tipificações
entrassem na conta, o crescimento dos homicídios dolosos na Bahia, de 2015 para
2016, seria de quase 14%, e não 7,53%, conforme tabela elaborada pelo TCE com
base no portal da SSP.
Tapete erguido
A subnotificação dos
casos de homicídios dolosos nos últimos anos, segundo o relatório do TCE, foi
confirmada pelo então chefe do Cdep, delegado Augusto Henrique Lima, em ofício
datado de 5 de maio do ano passado. No documento, informa o relatório, Lima destaca
“a ocorrência de subnotificação de homicídios, vez que as novas tipificações
introduzidas” pela secretaria em 2013 não integram a base de cálculo do
CVLI. “Tal metodologia, assevera o então coordenador, nunca foi utilizada pela
Polícia Civil da Bahia ou de qualquer outra Polícia Civil do Brasil, nem pela
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), órgão do Ministério da
Justiça, o que teria acarretado a exclusão de crimes que deveriam ser
contabilizados como homicídios”, diz o TCE.
Outras contas
O TCE destaca ainda o
aumento significativo de homicídios dolosos com indício de excludente de
ilicitude (o que inclui legítima defesa) e de mortes a esclarecer no estado.
Respectivamente, saltaram 35% e 29% entre 2015 e 2016. Ambos são vistos
com ressalvas por especialistas em segurança pública, pois permitem manipular
dados sobre violência. Cinco dias após apontar subnotificação na SSP, o
delegado Augusto Henrique Lima pediu exoneração da Cdep.
As informações são do
Correio, com imagem ilustração.
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