O Governador Rui Costa
declarou, em coletiva no último dia 19/12/2017, que as companhias aéreas têm
relatado dificuldade de viabilidade do Aeroporto de Feira de Santana (SBFE/FEC)
pela distância em relação ao Aeroporto de Salvador. Além disso, que o Aeroporto
de Campinas (Viracopos) é uma exceção, por ter dado certo, mesmo sendo
perto de outros grandes aeroportos. É importante trazer algumas considerações
que podem ajudar a entender o assunto e que contradizem esses argumentos.
1. A distância dos aeroportos regionais em relação às capitais. Que a distância influencia na demanda, isto é público e notório, mas não é verdade o que disseram ao Governador, que outros aeroportos regionais no país não se viabilizam quando estão perto de grandes aeroportos, como os das capitais. Eis alguns exemplos:
- Campina Grande-PB – a coirmã paraibana é menor do que Feira de Santana e está a 132km de João Pessoa e a 181km de Recife (105km e 143km em distâncias aéreas). O Aeroporto possui voos regulares há décadas, é homologado para voo por instrumento (IFR) e movimentou 132 mil passageiros em 2016. Tem operações da Azul e Gol, para Recife, Rio de Janeiro e Guarulhos, com 20 voos e 2.265 assentos semanais.
- Caxias do Sul-RS – situada a apenas 128km de Porto Alegre (88km em distância aérea). No aeroporto da cidade as companhias Gol e Azul oferecem 21 voos e 2.642 assentos por semana, para Campinas, São Paulo (Congonhas) e Florianópolis. Movimentou 182 mil passageiros em 2016. Tem pista muito parecida com a do Aeroporto de Feira, com 30 metros de largura e possui homologação para IFR.
- Joinville-SC – situada a apenas 83km do Aeroporto de Navegantes e a 131km de Curitiba-PR (74 e 86km em distâncias aéreas, respectivamente). O Aeroporto movimentou 512 mil passageiros em 2016, com a oferta de 58 voos e 6.358 assentos, semanalmente, para 2 destinos: Campinas e São Paulo (Congonhas e Guarulhos), operados pela Azul, Gol, Passaredo e TAM. Está homologado para IFR.
Além desses, há ainda aeroportos regionais com distâncias relativamente pequenas entre si (menos de 150km) e com voos regulares, como Uberaba-Uberlândia (MG), Londrina-Maringá (PR), Joinville-Navegantes (SC) e outros no interior de São Paulo. Portanto, Campinas (Viracopos) não é caso único.
2. O interesse das companhias aéreas. Na audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado Federal, em 05 de outubro de 2016, o representante da Gol Linhas Aéreas informou que a companhia pretende implantar 44 novas bases nos próximos 5 anos, sendo 13 em até 20 meses, incluindo Barreiras, Feira de Santana e Vitória da Conquista. Contudo, o representante apontou aspectos que restringem a operação do Boeing 737 nesses aeroportos, como a falta de IFR. As rotas pretendidas pela Gol são: Feira-Guarulhos e Feira-Brasília. Estudos internos de outra companhia aérea indicam que cerca de 400 mil passageiros de/para Feira de Santana utilizam anualmente o Aeroporto de Salvador, portanto, falta de demanda e desinteresse das companhias não parecem argumentos plausíveis.
3. A infraestrutura do Aeroporto de Feira já comporta voos maiores. É inegável que a infraestrutura do Aeroporto João Durval melhorou desde 2012 e que já comporta voos a jato, não é à toa que a Azul utiliza o Embraer 195, com 118 assentos, no único voo semanal. Mas é fato, também, que há restrições importantes, como a falta de espaço para melhor acomodar os passageiros no Terminal e a existência de apenas uma loja para check-in, já usada pela Azul, o que limita a instalação de outra companhia. Além disso, a falta de homologação para IFR deixa o aeroporto menos atrativo para o aumento da oferta e para a vinda de outras companhias, diante do risco de cancelamentos nos dias nublados. Isto requer organização, as indenizações da nova área e a nova cerca patrimonial, obrigações assumidas pelo Estado no contrato de concessão em 2013 e que estão atrasadas.
Não se pode concordar que a falta de ação para ampliação e cercamento da área, bem como de solução para a homologação IFR, continuem a provocar as restrições na oferta de voos em Feira. Não se pode naturalizar um desequilíbrio no acordo entre o Estado da Bahia e a Azul para desconto no ICMS sobre o combustível pelo número de destinos atendidos (que inclui Feira), se privilegie as cidades turísticas e o aeroporto daqui receba apenas 0,29% dos 42.080 assentos ofertados pela companhia nos seus 364 voos regulares semanais no estado. Menos ainda, se admitir que a queda de movimento no Aeroporto de Salvador, ou qualquer outra razão a ele relativa, sirva de desculpa para a redução de esforços, governamentais ou não, rumo às melhorias para o Aeroporto João Durval, prejudicando os milhares de habitantes da maior cidade do interior nordestino e do seu entorno.
#DecolaFeira!
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Foto: Caíque Rainier/Facebook

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