Parentes de jovens
internados da Comunidade de Atendimento Sócio-Educativo Zilda Arns, em Feira de Santana, reivindicam a liberação de alguns deles por
extrapolação do prazo de 45 dias de apreensão cautelar. Um protesto chegou a
ser realizado na quinta-feira (15), mas eles ainda não foram soltos. Segundo o
Ministério Público da Bahia (MP-BA), o problema é a falta de juiz na Vara da
Infância e Juventude.
O filho da secretária
Tatiana Sena, de 17 anos, foi apreendido há dois meses por suspeita de tráfico
drogas. "Meu filho está com depressão, com problema na visão do lado
esquerdo e ninguém dá resposta", disse. O irmão da empregada doméstica
Vanessa Conceição anessa foi apreendido por roubo e está na casa de custódia há
mais de três meses. "Está se sentindo mal lá dentro, não deixa entrar
remédio, não deixa ver como ele está. Ele tem filho aqui na rua para cuidar,
tem mulher. A mulher dele também é de menor", informou.
O Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) estabelece o prazo para apreensão cautelar, antes do
julgamento, de 45 dias. Passado esse prazo, se o menor não foi julgado, tem que
ser liberado. O defensor público Manuel Portela explicou que a situação ocorre
por que o juiz foi removido de Feira para a cidade de Alagoinhas, no início do
ano, e até agora não chegou outro para substituí-lo. "O juiz tem que
assinar a ordem de soltura. E, no momento, a Vara da Infância está sem juiz. No
momento, por portaria do TJ, quem responde pela Vara é a Marivalda, em
Salvador. Mas por um problema técnico ela não está conseguindo acessar os
processos no site do Tribunal", disse.
A Defensoria Pública da
Bahia informou que na Casa de Custódia tem 98 menores - 79 foram julgados
e estão cumprindo o período determinado de internação; os outros 19
aguardam julgamento e já deveriam ter sido soltos por que cumpriram a apreensão
cautelar. O Ministério Público disse que o atraso no julgamento é um problema
antigo. "As sucessivas licenças que teve o então juiz titular e por conta
de acúmulo de substituição de juízes dessa comarca com outras varas
também", disse Idelzuith Freitas, promotora da Infância.
O Tribunal de Justiça da
Bahia (TJ-BA) negou que existe problema no sistema do órgão e disse que todos
os processos podem ser acessados pelos juízes. Disse que o último juíz da vara
ainda permanece como titular porque ainda não tomou posse em Alagoinhas. E que existe uma lista de substituição de juízes
aptos a suprirem as necessidades da vara, na falta do titular e do designado.
Fonte: G1, imagem
reprodução.
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