Encontrar ônibus velhos, batidos, com bancos soltos e pneus carecas se tornou comum em Feira de Santana. Apesar do Decreto Municipal, nº 7.231, que proíbe a circulação de ônibus com mais de dez anos de uso no Sistema Integrado de Transporte (SIT), ainda é possível encontrar conduções com até 14 anos de fabricação circulando livremente pela cidade.
Para se ter uma dimensão do problema, o FOLHA DO ESTADO com o auxilio de um aplicativo criado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública – Sinesp Cidadão, que permite o monitoramento do ano de fabricação de veículos, encontrou diversos exemplos dessa desobediência à norma municipal.
Em menos de uma hora, a reportagem flagrou sete veículos fabricados em 2004, no Terminal Central, embarcando e desembarcando passageiros. Pelo número de ordem, foram eles: A-74, A-156, A-163, A-164, A-165, B-77 e B-79. Neste mesmo período de tempo, passaram outros dois ônibus com 11 anos de uso (A-157 e A-158), um com 12 anos (B-53) e dois veículos com 14 anos (A-1003 e A-1008). Esses mais velhos pertencem à empresa Princesinha e são ônibus articulados, conhecidos como “sanfona”.
“Des-Gasto” de R$ 11 milhões
O representante do Sincol e economista do Sindicato das Empresas de Ônibus de Feira de Santana, Roque Gomes, reconheceu a existência de parte da frota com mais de 10 anos de uso, mas explicou que ano passado, 71 ônibus dentro das normas do Decreto foram incorporados ao sistema, em substituição aos que foram retirados devido à “idade avançada”. Ele garantiu que foram investidos cerca de R$ 11 milhões para a renovação da frota de veículos da cidade, que é em torno de 200.
“Em Feira de Santana o desgaste é maior que em outras cidades. Quando um veículo chega a 10 anos, parece que tem 20”, comparou. Este ano, segundo o Sindicato, 25 novos ônibus integrarão o Sistema de Transporte Integrado (SIT) e já nesta semana, Gomes afirmou que oito veículos novos estarão nas ruas.
Acidentes
A precariedade do transporte público tem refletido na vida dos usuários, mesmo depois de provas de sucateamento, como o acidente da última quinta-feira (31), quando um ônibus que tinha 11 anos de fabricação da empresa 18 de Setembro, que fazia linha Aviário/Terminal Central, pegou fogo e ficou totalmente destruído pelas chamas na Avenida Presidente Dutra, na altura do bairro Capuchinhos. Ano passado, outros dois veiculos, ambos da empresa 18 de Setembro, ficaram completamente destruídos pelas chamas. Todos eles já deveriam estar inoperantes.
Roque Gomes tentou explicar o incidente. “O veículo passa 21 horas ininterruptas em operação, com aproximadamente 30 viagens. Provavelmente foi uma pane elétrica, apesar de ainda não ter um laudo conclusivo”, respondeu.
Fiscalização
Em Feira de Santana, o órgão responsável em fiscalizar e vistoriar todos os veículos que envolvem o transporte público é a Secretária Municipal de Transporte e Transito (SMTT). De acordo com o secretario da pasta, Ebenezer Tuy, em 2013 as duas empresas de ônibus foram notificadas a retirar de circulação as conduções com mais de 10 anos de fabricação, como prevê o Decreto.
“Ainda no ano passado, em menos de quatro meses fizemos a substituição de 78 veículos dos 204 que compõe a frota da cidade. Quanto aos que estavam fora da vida útil, nós notificamos as empresas para que elas retirassem esses veículos de circulação, caso contrário, qualquer acidente que ocorra envolvendo um ônibus desse, a empresa seria penalizada administrativamente além das sanções civis e penais”
Segundo o secretario, o problema com os ônibus velhos na cidade é histórico e é impossível de retirar todos eles de circulação de imediato, pois a população ficaria desamparada com relação ao transporte público. “É impossível tirar uma quantidade imensa de ônibus para se fazer a substituição de imediato, em 2013 fiz a substituição dos ônibus e não faria esse ano novamente, porque naquele período eu penalizei a população. Este ano, estávamos lacrando dois em dois carros com pendências, e assim que solucionadas liberávamos e prendíamos outros dois”, ressaltou.
Anualmente as empresas são obrigadas a apresentar um plano de renovação da frota. Tuy garante que neste ano já houve a fiscalização da frota e que nenhum ônibus em desacordo com o Decreto Municipal passou pela vistoria.
As informações são do Folha do Estado.
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