quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Feiraguai cresce em ritmo chinês e é a terceira do país em contrabando

Em Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador, cresceu e se desenvolveu como uma feira criada na porta de entrada para tropeiros do sertão rumarem ao Recôncavo baiano. Ironicamente, hoje é uma outra peculiar feira da cidade que se destaca como ponto de entrada e de comércio. Dessa vez, do contrabando e de produtos piratas.
É a Feiraguai, o maior polo de comércio informal de toda a região Norte e Nordeste do país. De bugigangas a um mar de produtos eletrônicos chineses, a sua movimentação já se tornou tão grande que hoje Feira de Santana, quem diria, pode ser considerada como um polo turístico. É o turismo da muamba.

De balcão em balcão, dos mais variados produtos, o comércio no varejo corresponde à grande parte do lucros dos comerciantes, que negociam para muitas cidades.
“Já temos clientes fiéis que toda semana vêm aqui. Serrinha, Ribeira do Pombal, Conceição do Coité, Estância...” - a lista se estende enquanto a vendedora Mayra, que vende celulares e câmeras digitais, explica de onde vem parte de seus consumidores. Aliás, lá, toda e qualquer forma de falsificação pode ser encontrada. De camisa de futebol a relógios “Suatch” - em alusão à marca Swatch - tudo pode ser achado por preços e qualidade inferiores.

Facilitado pela localização entre duas importantes rodovias de ligação nacional, a BR-101 e a BR-116, a tradicional feira hoje é como uma meca da pirataria, onde milhares de comerciantes munidos de enormes sacolões pretos, fazem a festa comprando no varejo para cidades de todo o Nordeste do país.

Feira do Rôlo
Do seu início, na década de 80, quando ainda se situava na Praça da Bandeira e era conhecida como Feira do Rôlo, o comércio se desenvolveu, mudou de local - hoje se encontra na Praça Presidente Médici - e foi reconhecido pela prefeitura por sua importância na captação de receitas da cidade. Hoje situa-se em local cedido pela prefeitura e possui 80% de seus estandes com CNPJ e facilidades, como compras no cartão de crédito e cheques pré-datados, garante o presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes de Feira de Santana, Nelson de Assis.

“Antes era no Mercado de Arte Popular (Praça da Bandeira). Como era um centro comercial, os proprietários começaram a reclamar. Em 1994, junto com o prefeito da época, começamos as primeiras negociações para mudar o local. Em 1996, fomos deslocados pra onde nos encontramos agora”, conta.

A evolução em 14 anos é, com o perdão do trocadilho, de ritmo chinês. Hoje são 434 boxes, divididos em acanhados corredores que vão da letra A à Z. Uma taxa de administração é cobrada a todos os comerciantes que varia entre R$ 9,50 e R$ 25 e serve para limpeza, manutenção do espaço e segurança. Nelson garante que ninguém reclama.

“A procura é bastante alta. Somos organizados e todos os boxes são registrados e recebem uma carteirinha de permissão. O aluguel pode variar de R$ 400 a R$ 800”. O valor é divergente. Há pontos mais quentes, onde o aluguel pode chegar a valores de shopping centers: R$ 6 mil.

Fonte: Correio da Bahia

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