segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Tempo, dinheiro e vidas desperdiçadas

“Em setembro, assinamos contrato com o Banco Expansion, da Espanha, no valor de US$ 70 milhões, que serão aplicados na aquisição de equipamentos e na modernização das polícias. Cerca de US$ 8 milhões, desse total, serão aplicados na implantação do Sistema de Gestão de Informações Policiais, que já vem sendo utilizado pelo Corpo Nacional de Polícia da Espanha e em outros países da União Européia.”

Essas palavras foram lidas no início de 2006 pelo então governador Paulo Souto, em sua mensagem na abertura dos trabalhos da Assembléia Legislativa. Quis o eleitor que ao final daquele ano Paulo Souto fosse afastado do poder, para a entrada de Jaques Wagner. Mas o contrato de 70 milhões de dólares, sendo entre instituições e não entre pessoas, foi mantido. Os equipamentos a que Souto se referiu chegaram.

E onde estão?

Onde está a “modernização das polícias”?

Guardada em mais de 100 conteineres no almoxarifado da Secretaria de Saúde na avenida Paralela.

Quem me disse isso? Um coronel que ocupa cargo na cúpula da Polícia Militar. Um homem que como policial e como cidadão se angustia de ver morrerem civis e colegas de farda sem uma reação à altura do Estado, que dispõe de meios para melhorar a segurança pública e não o faz.

Por que não, se a segurança pública é o calcanhar de Aquiles do governo Wagner?

Custa-me acreditar na explicação recebida. Que o pano de fundo é a disputa de poder na Secretaria, dividida entre civis, militares e policiais federais introduzidos na estrutura pelos secretários nomeados por Wagner. Primeiro Paulo Bezerra e depois César Nunes, ambos delegados da Polícia Federal.

Uma das vantagens do equipamento adquirido e empacotado há anos é a comunicação direta entre as unidades da polícia (fixas e móveis, como as viaturas) por meio de modernos rádios. Há equipamento suficiente para incorporar ao sistema polícia militar, civil e bombeiros, com cobertura no estado inteiro.

Todo o estado estaria interligado. Dentro de uma cidade o sistema permitiria, por exemplo, que os policiais na viatura (todas equipadas com GPS) pudessem ouvir diretamente um chamado do cidadão para a central do 190. Enquanto a pessoa que ligou fosse atendida, os carros nas ruas já poderiam ao mesmo tempo ouvir a conversa e entrar em ação.

Esta comunicação rápida evidentemente é fator primordial no combate à criminalidade (tanto para evitar o crime quanto para ampliar as chances de um flagrante ou pelo menos permitir uma investigação mais eficaz após o fato consumado).

Pode-se cobrar rapidez do atual governo? Deve-se.

Fonte: Glauco Wanderley ( glaucowanderley.blogspot.com )

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