A empresa de transporte
coletivo São João, que atua em Feira de Santana e no interior paulista pediu à
justiça baiana recuperação judicial, alegando que o pagamento da dívida
bancária contraída para compra de veículos está causando prejuízos anuais que não
podem ser suportados.
A recuperação judicial,
que suspende os pagamentos e determina a apresentação de um plano para
alongamento da dívida, a ser avalizado pelos credores, visa essencialmente
impedir que os veículos em uso pela população sejam tomados, pelos agentes
financeiros, da empresa de transporte. "Caso os ônibus sejam apreendidos
esta não terá mais como continuar exercendo as suas atividades", apela a
São Joao.
A outra operadora do
sistema em Feira de Santana, viação Rosa, teve dezenas de ônibus confiscados
para pagamento ao banco no início deste ano.
Na petição encaminhada à
justiça em 9 de outubro, a São João alega que em 2014, antes de iniciar
atividade em Feira de Santana, teve lucro líquido de R$ 2,5 milhões.
"Porém a partir do exercício de 2015, passou a acumular prejuízos",
acrescenta. Os prejuízos vão a R$ 3,5 milhões em 2015, R$ 11 milhões em 2016 e
em 2017 já alcançam R$ 8,6 milhões até agosto, segundo os dados apresentados.
No contrato firmado com a prefeitura as empresas se comprometeram a iniciar a
operação com uma frota zero quilômetro, embora esta não fosse uma exigência do
edital da concorrência.
A São João afirma que
antes de recorrer à recuperação tentou negociar com o credor mas não teve
sucesso, pois os bancos têm "postura cada vez mais gulosa e
lucrativa" e são "insensíveis às graves dificuldades que assolam a
atividade empresarial no país".
Além do gasto com o
pagamento da dívida bancária, os advogados queixam-se que a receita é
"impactada pelo enorme e crescente aumento de transporte clandestino de
passageiros, que não sofre a correta fiscalização por parte do
poder público". E citam até os aplicativos de celular para transporte
e as motos compradas com parcelas de baixo valor como elementos que reduzem o
número de passageiros.
Mas acabam por revelar
que não estão tendo prejuízos na operação do sistema. "Tendo em vista que
a operação em si é lucrativa, devem ser mitigadas as despesas que mais impactam
em seu fluxo de caixa", ressaltam, numa referência à dívida
bancária.
O documento revela as
receitas dos últimos três anos, considerando toda a empresa, fundada em 1963,
que opera em São Paulo e na Bahia. Foram pouco menos de R$ 67 milhões em 2014 e
2015, saltando para R$ 97 milhões em 2016. Em 2017 foram R$ 65 milhões até
agosto. "O problema da requerente é essencialmente a corrosão do seu fluxo
de caixa pelas elevadíssimas parcelas de financiamento bancário", explicam
os advogados que assinam a petição, Vinícius Camargo Silva e Cícero Camargo
Silva, de Votorantim, São Paulo.
Por Glauco Wanderley
(Sala de Notícia.com)
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